Com a oficialização da renúncia do agora papa emérito Bento 16 nesta quinta-feira (28), a Igreja Católica entra agora em um período conhecido como Sede Vacante - ou Sé Vacante.
Com a ausência de um papa a função de chefe de estado do Vaticano passa a ser de um cardeal camerlengo, cujo título significa, com origem medieval, 'adido do tesouro'. Nomeado camerlengo em 2007, o cardeal Tarcisio Bertone será o responsável por administrar assuntos financeiros da Igreja durante esse período.
Na foto o Cardeal Tarcisio Bertone
A função do cardeal Tarcisio Bertone, porém, não envolve nenhum tipo de autoridade espiritual. Ou seja, nomeações de cardeais ou bispos e outras decisões importantes não poderão ser tomadas por ele. O camerlengo ainda terá um grupo de três cardeais que se renova a cada três dias para ajudá-lo com outras funções, como a organização de congregações, reuniões de cardeais que acontecem antes do conclave, onde será feita a votação do novo papa.
Na foto o Cardeal Angelo Sodano
O conclave, porém, não é de responsabilidade do camerlengo. O cardeal decano Angelo Sodano, de 85 anos, terá a missão de organizar o conclave que será presidido por Giovanni Battista Re, o mais velho entre os eleitores – que só podem votar caso tenham menos de 80 anos.
O Conclave
A palavra Conclave é utilizada desde o século XIII, quando foi instituído o isolamento dos Cardeais para a votação do novo Pontífice. Ela vem do latim e significa “sob chaves” ou “quarto fechado”, para evidenciar o caráter secreto do evento. O Colégio dos Cardeais fica responsável por escolher quem será o próximo Papa. Os Cardeais com menos de 80 anos votam na escolha do líder religioso. Esse processo de votação, que acontece na Capela Sistina, é secreto e a portas fechadas. Os Cardeais ficam isolados de tudo enquanto o Conclave acontece.
Essa eleição papal está sujeita às regras definidas no documento Universi Dominici Gregis, uma Constituição Apostólica do Papa João Paulo II, lançada em 1996. Esse documento, quebrando a tradição, estabelece que os Cardeais não ficarão trancados na Capela Sistina por todo o conclave; mas mantém que, mesmo enquanto estiverem fora de sessão, não terão acesso a televisão, rádio ou telefone durante o processo de eleição. Os cardeais ficarão na Casa de Santa Marta, que fica a 300 metros da Capela Sistina. Neste documento, o Papa permite também a participação dos cardeais com mais de 80 anos nas discussões que acontecem dentro do Conclave, impedindo-os, entretanto, de votar.
Após a eleição onde se tem o nome de um vencedor, o Cardeal Decano se aproxima do eleito e pergunta:
- "Aceitas canonicamente a tua eleição apostólica?"
O eleito responde:
- "Aceito!"
O Cardeal pergunta:
-" Qual nome escolhes para seres conhecido?"
Então o eleito escolhe e revela o nome (Ex: João Paulo, Bento, Paulo, João, ...)
O Sumo Pontífice se levantará, enquanto todos estão de pé, e o Primeiro dos Cardeais Diáconos proclamará o texto do Evangelho, entre os que propõe o Ordo Mt 16, 13-19 (“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”) ou Jo 21, 15-17 (“Apascenta minhas ovelhas”).
Em seguida, os cardeais eleitores, segundo a ordem de procedência, aproximam-se do novo Papa para expressar-lhe um gesto de respeito e obediência, salvo se o eleito não for bispo; só depois de sua consagração episcopal se lhe dará este gesto.Concluído este ato todos dão graças a Deus na Capela Sistina com o solene canto do hino Te Deum, laudamus, que o próprio Sumo Pontífice entoará, seguindo o Ordo.
Logo após, o Cardeal Protodiácono dá o solene anúncio da eleição aos fiéis e o nome do Papa, que tem como primeiro ato como Pastor da Igreja o envio da Bênção Apostólica Urbi et Orbi.
Fonte: http://www.rio2013.com/pt/artigos/detalhes/1247/o-que-e-conclave-e-como-acontece